História

Roberta Burzagli, última campeã do Banana Bowl

Roberta Burzagli, última brasileira campeã do Banana Bowl

O Banana Bowl entra em sua 42ª edição e tem a categoria dos 18 anos disputada em Itajaí, em Santa Catarina. O torneio pertencente ao Grupo 1 da ITF, segunda categoria que mais pontos soma para o ranking mundial juvenil.

O Banana Bowl foi criado em 1968, durante o congresso do Campeonato Sul-americano, em Caracas, Venezuela. O nome Banana foi sugerido por Alcides Procópio, então presidente da Federação Paulista de Tênis, que gostaria de criar uma versão tropical do Orange Bowl.
“Já que copiamos tudo dos Estados Unidos e eles têm o Orange Bowl, então nós teremos o Banana Bowl”, disse Procópio em 1998 ao lembrar da criação do evento.

No início, o nome provocou comentários bem humorados e muita brincadeira, mas logo o evento ganhou popularidade e outros países sul-americanos se juntaram aos quatro fundadores: Brasil, Argentina, Peru e Bolívia.O primeiro torneio não oficial, foi em 1969, no Esportes Clube Pinheiros, em São Paulo, com tenistas desses quatro países.
Em 1970, aconteceu o I Banana Bowl, no Clube Paineiras do Morumby. Em 1971 e 1974, teve por sede a Sociedade Recreativa e de Esportes de Ribeirão Preto. Em 1972, 73, 75 e 77, a cidade de Santos recebeu a competição e em 1978, o torneio voltou para a capital paulista.

Até 1975, só tenistas sul-americanos participaram do torneio. A partir de 1976, começaram a se inscrever atletas do México, Estados Unidos. Daí para frente, o Banana Bowl ganhou força e a cada ano, mais estrelas do tênis mundial juvenil comparecem ao torneio.

Sete anos depois da primeira edição, o Banana Bowl ganhou maioridade com a participação de tenistas da França, Espanha e Japão. Nos anos seguintes, o número de países participantes aumentou, chegando a 16 em 1979.

No início, o predomínio era brasileiro e argentino, mas logo em seguida, outros sul-americanos passaram a lutar de igual para igual, como Uruguai, Equador, Venezuela e Chile.

Quando o torneio ganhou peso internacional, jogadores de talento passaram a disputar o Banana Bowl e alguns dos melhores tenistas profissionais do mundo passaram pelo Brasil e conquistaram o título do campeonato, ainda como juvenis, entre eles o norte-americano John McEnroe, o tcheco Ivan Lendl, a argentina  Gabriela Sabatini, o austríaco Thomas Muster, os argentinos José Luis Clerc, Mariano Zabaleta e os brasileiros Gustavo Kuerten, Fernando Meligeni, Jaime Oncins, e muitos mais.  McEnroe e Lendl fizeram a final de 1977, vencida pelo norte-americano.

O austríaco Thomas Muster levantou o troféu em 1984, o brasileiro Gustavo Kuerten levou o título em 1992, na categoria 16 anos e, nas últimas temporadas, nomes como o do peruano Luís Horna (97), do chileno Fernando Gonzalez (98), de Gilles Muller, de Luxemburgo (2001), de Marcos Baghdatis (2002) e até mesmo do norte-americano Andy Roddick (2000), também foram campeões em terras brasileiras.

A última vez em que conquistamos o título masculino de 18 anos foi com Eduardo Oncins, o irmão mais velho de Jaime, na final que fez diante de Edvaldo Oliveira, em 1981. Curiosamente, Fernando Meligeni, ex-capitão da equipe brasileira da Copa Davis e medalha de ouro no Pan-americano de Santo Domingos, poderia ter encerrado essa longa espera em 89, quando ganhou o Banana Bowl. Mas ele ainda disputava o circuito internacional pela Argentina. Nesse ano, Meligeni chegou a liderar o ranking mundial e terminou a temporada em quarto lugar.

No feminino, a falta de títulos já dura 18 anos. A última campeã foi Roberta Burzagli, que conquistou o torneio de 91, em Santos.

DESTAQUES E CURIOSIDADES

O Brasil no Banana Bowl
Campeões:
1969 – Marlene Flues
1970 – Joaquim Filho e Beatrice Chrystman
1971 – Roger Guedes e Andréa Menezes
1973 – Flavio Arenzon e Patrícia Medrado
1974 – Eddie Pinto
1975 – Celso Sacomandi
1979 – Claudia Monteiro
1981 – Eduardo Oncins
1983 – Silvana Campos
1986 – Gisele Miró
1988 – Andréa Vieira
1991 – Roberta Burzagli

Alguns dos maiores tenistas dos últimos anos participaram do Banana Bowl, confirmando a fama do torneio de revelar grandes jogadores. Em 1977, o norte-americano John McEnroe decidiu o título de 18 anos do Banana com outra promessa da época, o tcheco – que mais tarde se naturalizaria norte-americano – Ivan Lendl. Na mesma temporada, com apenas 18 anos, McEnroe alcançou as semifinais do tradicional torneio de Wimbledon. Mais tarde, ele e Lendl alcançaram o primeiro lugar do ranking mundial profissional de tênis masculino.
O austríaco Thomas Muster, que sempre esteve entre os principais do mundo, e que agitou o Hotel Transamérica com a confusão armada na Copa Davis, foi campeão em 1984, na categoria 18 anos.

O argentino Mariano Zabaleta, vencedor da categoria 18 anos em 95, no Esporte Clube Pinheiros, conquistou também o título juvenil de Roland Garros da temporada. Na final, ele derrotou o britânico Martin Lee por 2 sets a 0, parciais de 6/4 e 6/2.

A brasileira Miriam D’Agostini, destaque do ranking feminino nacional – esteve entre as cinco melhores do ranking mundial juvenil em 94 e foi n° 1 do país no profissional- é outro exemplo de tenista que começou a ganhar prestígio no Banana, torneio do qual participou em várias ocasiões.

A musa argentina Gabriela Sabatini, foi bicampeã do Banana Bowl. Gabi venceu a categoria 14 anos em 83, derrotando a norte-americana Amy Schwartz, e repetiu o título em 84, na mesma categoria, vencendo a brasileira Cláudia Chabalgoity. Pouco depois conquistou o título do US Open.

A lista dos jogadores que estiveram ou estão entre os melhores do ranking mundial, tanto no masculino como no feminino, e que também fizeram história no Banana não se resume a Lendl, McEnroe, Sabatini e Muster. Alguns deles: Victor Pecci (Paraguai), campeão em 1972; José Luis Clerc (Argentina), campeão dos 18 anos em 1976; Helena Sukova (Tchecoslováquia), campeã dos 18 anos em 81; Martin Jaite (Argentina), campeão dos 18 anos em 82; Alex Antonisch (Áustria), vice-campeão dos 18 em 84; Gilbert Schaller (Áustria), campeão dos 18 anos em 86; Mercedes Paz (Argentina), vice-campeã dos 18 anos em 83; Ines Gorrochategui (Argentina), vice-campeã dos 16 anos em 89; Jaime Izaga (Peru), campeão dos 16 anos em 83.

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